Chapada Diamantina - Ba
Chapada Diamantina - Ba
A Chapada Diamantina é região de nascentes, faz parte da bacia do Paraguaçu, rio fundamental para o semi-árido baiano, que também se caracteriza como região provedora de águas do estado da Bahia. Possui uma biodiversidade riquíssima e parcialmente desconhecida, o que lhe conferiu diversas unidades de conservação criadas com a intenção de proteger os recursos hídricos, as paisagens naturais e amostras de ecossistemas que abrigam exemplares endêmicos da fauna e da flora; estimular o desenvolvimento regional; adequar as atividades econômicas e o uso público propiciando a recreação, educação ambiental e pesquisa científica; promover um melhor aproveitamento para o ecoturismo; manejar recursos de fauna e flora, e proteger sítios abióticos.
São destaques: o Parque Nacional da Chapada Diamantina, o Parque Estadual das Sete Passagens, o Parque Estadual de Morro do Chapéu, o Parque das Cachoeiras, o Parque Valoir Coutinho (Macaqueiras), o Parque Municipal de Mucugê - Projeto Sempre Viva, o Parque Municipal da Muritiba, a APA Marimbus Iraquara, a APA Serra do Barbado, a APA Gruta dos Brejões - Vereda Romão Gramacho, o Monumento Natural Cachoeira do Ferro Doido, o Parque Municipal Natural da Serra das Almas, a ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico) Nascente do Rio de Contas, ARIE Pico das Almas e ARIE do Rio Espalhado.
O Parque Nacional da Chapada Diamantina, principal unidade de conservação da região, possui uma área de 152 mil ha, distribuídos entre os municípios de Lençóis, Palmeiras, Andaraí, Mucugê, Itaetê e Ibicoara; abrange toda a Serra do Sincorá, com altitudes que variam de 400 m, nos vales dos rios que formam as bacias dos rios de Contas e Paraguaçu, até 1700 m, no ponto mais alto da serra. No parque destacam-se as várias trilhas com diferentes graus de dificuldade, a maioria feita por garimpeiros. O atrativo de maior destaque, internacionalmente conhecido, é o Vale do Paty e só existe um meio para conhecê-lo: andar, andar, andar e andar. Os roteiros variam de um a cinco dias e podem incluir a contemplação da Cachoeira da Fumaça, banho no Cachoeirão e Funis, escalada no Morro do Castelo, entre tantas outras opções.
As terras da Chapada elevam-se como uma muralha que separa o Vale do São Francisco a Oeste e, a Leste, as terras que se estendem até o litoral. As atrações naturais encontram-se em variados roteiros: subterrâneos das grutas, das cachoeiras, caminhadas por antigas trilhas de garimpeiros ou pelos vales da região, em meio a comunidades tradicionais ou esotéricas e alternativas, subir os três pontos mais altos de toda a Bahia: o Pico das Almas, com 1958 m de altitude, o do Itobira, com 1970 m, e o do Barbado, com 2033 m; ou ainda percorrer a Estrada Real por onde circulou ouro, diamantes e mercadorias nos séculos 18 e 19.
Nesta região está um dos mais belos conjuntos de cachoeiras do Brasil. São centenas de quedas d'água que escorrem entre penhascos, nas serras cobertas de verde, de uma vegetação mista de serrado, mata atlântica e caatinga.
A da Fumaça, com quase 400 m de queda livre, e é uma das mais altas quedas livre do país.
A da Fumacinha, do Buracão, do Mosquito, do Mixila, do Roncador, da Sibéria, do Sossego, dos Payaya, do Ferro Doido, do Agreste ou Vale do Cachoeirão (um conjunto de cachoeiras de até 280 m no interior do Vale do Paty) são apenas alguns dos mais belos exemplares de cachoeiras com formas, volume d'água e alturas variadas, mas sempre emolduradas por uma paisagem fascinante.
Destacada no cenário nacional por possuir o maior acervo espeleológico da América do Sul pela quantidade, beleza cênica e importância científica de suas cavernas, a Chapada Diamantina oferece roteiros inusitados em espeleoturismo. Só na APA Marimbus-Iraquara elas somam mais de 120 em uma área 30 km².
O misterioso Poço Encantado, cartão de visita da Chapada Diamantina, fica no município de Itaetê a 22 km da sede.
É uma caverna de aspecto singular e rara beleza, dotada de grande relevância científica, servindo de abrigo para uma espécie de bagre cego, endêmico da região. A caverna é formada no fundo de uma depressão coberta por vegetação. Em seu interior existe uma fenda por onde a luz solar penetra até o espelho d´água adquirindo tonalidade azul turquesa, sendo possível avistar o fundo do poço, tal a transparência de suas águas.
Entre os meses de abril a setembro, esse raio, refratado pela água como se atravessasse um cristal, acentua o tom do azul, que brilha e desenha formas variadas no fundo do poço, com profundidade entre 30 e 60 m.
De características semelhantes, o Poço Azul, no vizinho município de Nova Redenção, oferece um diferencial que fascina os visitantes: lá é possível o banho no lago interior no melhor estilo da flutuação.
A Gruta da Pratinha, no município de Iraquara, tem características das regiões calcárias, um tom azulado e águas cristalinas que lhe emprestam uma beleza especial.
Entre as grutas secas, a Torrinha, a Lapa Doce,
a da Paixão, Lapão, Bolo de Noiva, da Fumaça, Gruta Azul e Brejões estão na lista das mais visitadas e com roteiros consolidados.
Contemplação e mergulho (em algumas) é tudo o que se pode fazer dentro de uma caverna, de onde "não se tira nada além de fotografias, não se quebra nada além do silêncio, nem se deixa nada além de rastros".
A propósito, o mergulho nas cavernas da Chapada Diamantina só deve ser feito com autorização do Ibama e acompanhamento de profissional habilitado, pois, ao contrário do que possa parecer, ele é muito mais difícil que o mergulho submarino.
Aventuras na Chapada
Segmento do mercado turístico que promove a prática de atividades de aventura e esporte recreacional em ambientes naturais e espaços urbanos ao ar livre, o turismo de aventura envolve emoções e riscos controlados, exigindo o uso de técnicas e equipamentos específicos, a adoção de procedimentos para garantir a segurança pessoal e de terceiros e o respeito ao patrimônio ambiental e sócio-cultural.
Um dos melhores destinos nacionais para a prática do turismo de aventura, a Chapada Diamantina possui diversas opções que variam do mais baixo ao mais alto nível de dificuldade, desde trilhas contemplativas a travessias em canyons profundos, com o acompanhamento e monitoramento de empresas e profissionais.
Quem gosta de aventura não pode deixar de ter a Chapada Diamantina em seu roteiro, um lugar onde a natureza foi extremamente generosa. Arvorismo, bungee e cave jumping, canyoning, cascading, rapel, tirolesa, cavalgada, exploração e mergulho em cavernas, trekking e hikking, escalada, mountain biking - cicloturismo, montanhismo, off-road, caminhada com orientação, corrida de aventura, rally classe turismo, vôo livre, balonismo, ultraleve e canoagem transformam os roteiros em pura adrenalina.
A palavra trekking quer dizer caminhar, trilhar, andar e, na maioria das práticas esportivas na Chapada, o trekking é freqüentemente utilizado, seja para se chegar até uma cachoeira no meio do mato,
para se alcançar o topo de uma colina em que o visual é imperdível, e até mesmo para se chegar a locais inóspitos e de rara beleza em meio à natureza.
Em Lençóis pratica-se o único cave jumping do mundo. É um salto em que se utilizam as mesmas técnicas do bungee jumping com uma diferença: o local - a boca da caverna do Lapão - com 40 m de altura e muita adrenalina.
Seguro por uma corda, é possível chegar a um lugar onde, em condições normais, ninguém poderia ir. Assim é a prática do canyoning, um dos esportes mais completos e emocionantes da atualidade; que consiste na descida esportiva de canyons e rios encachoeirados, transpondo seus desníveis por meio de diversas técnicas verticais como rapel e tirolesa, saltos, travessias em rios, escalada, etc.
Dos novos points de escalada no Brasil, sem dúvida os da Chapada Diamantina são os que mais prometem. Em toda a Chapada é possível escalar em conglomerado, arenito, quartzito, calcário e outras variantes destas rochas. Em Lençóis pode-se escalar bem perto do centro da cidade, no Parque Municipal da Muritiba, em mais de 50 vias. O distrito de Igatu, município de Andaraí, é visita obrigatória, com escaladas de alto nível e uma grampeação impecável.
Aí há um alojamento de montanhistas que atende a quem desejar escalar nesse lugar que tem paredões multicoloridos de quartzito. A escalada é um esporte de risco e por isso, é necessário o curso teórico-técnico antes da prática.
A dificuldade varia numa escala de 0 a 10; a partir do grau 4 o nível de exigência já é bastante grande. O espírito de aventura é o que leva as pessoas a praticarem o off-road ou "fora da estrada", percorrendo caminhos não convencionais, difíceis e, algumas vezes, aparentemente intransponíveis, como trilhas, rios e barrancos. A recompensa é o contato com paisagens belas e raras e, dependendo dos obstáculos naturais encontrados pelo caminho, também muita adrenalina.
Patrimônio Cultural
Precedendo a história colonial brasileira, a passagem do homem pré-histórico na Bahia está registrada em sítios arqueológicos onde se destacam painéis de pinturas rupestres.
Existem hoje na Chapada Diamantina cerca de 65 sítios com pinturas rupestres cadastrados por estudiosos. Por meio destas representações pictóricas, é possível identificar desenhos da flora e fauna, além do cotidiano dos mais antigos habitantes da região.
Cada painel representa uma cultura, uma época, um momento da pré-história brasileira. Além de se constituírem em importantes fontes de pesquisa para os diversos campos das ciências humanas, esses sítios arqueológicos configuram-se como atrativos turísticos potenciais por se localizarem em áreas de acesso relativamente fácil e de grande beleza cênica. A ocupação das terras da Chapada Diamantina se deu sob influência do cultivo do solo, da exploração agropecuária e da extração mineral, em épocas diferentes. Desse modo, vieram para a região pessoas de vários lugares trazendo consigo cultura, conhecimentos e estilos de vida próprios. O patrimônio deixado por essas populações é muito diversificado e conta a saga do garimpo em cada beco e nos casarões seculares das cidades edificadas nos séculos 18 e 19, com desenho urbano espontâneo e irregular.
A imponência e a importância do casario colonial, que remontam à época do garimpo de diamantes e do ouro, tornaram os conjuntos arquitetônicos de Rio de Contas, Lençóis, Mucugê e Igatu, Patrimônios Nacionais, tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Esses testemunhos do tempo correspondem, hoje, a atrativos turísticos de notável importância.
Em meio à população tradicional é comum identificar os contadores de histórias, moradores antigos da zona urbana e também da zona rural que repassam histórias de coronéis perversos, tesouros escondidos e escravos sacrificados que no final tornam-se fantasmas ou assombrações. Entre as mais fantásticas está a "Lenda do Pai Inácio", que inclusive foi transformada em roteiro para cinema.
Aliás, quem quiser conhecer a cultura popular da Chapada Diamantina precisa visitar as feiras livres, que acontecem em todas as cidades.
O dia amanhece com um burburinho característico de gente chegando de todos os cantos, trazendo de longe a produção de suas roças. As folhas e ervas medicinais têm seu lugar garantido. Entre as espécies vegetais nativas, importantes para a medicina, estão: pariparoba, quebra-pedra, espinheira-santa, macela-do-campo, abutua, alecrim-do-campo, assa-peixe, barbatimão, bolsa-de-pastor, cagaiteira, chapéu-de-couro, carqueja e caroba. Geralmente, o vendedor ou vendedora de ervas é um alquimista nativo que conhece a função de cada uma dessas plantas. Os derivados do couro - alforjes, baús, cintos e chapéus - atraem vaqueiros de toda a região. A feira é um festival de cores, odores e sabores... É dia de festa em cada uma das cidades da Chapada Diamantina.
Como Chegar
Via Terrestre
O acesso à Chapada Diamantina e seus principais municípios é feito basicamente por duas rodovias: a BR-116 e a BR-242.
Via aérea
Aeroporto Nacional Horácio de Matos, município de Lençóis (75 3625-8100), sem vôos regulares.
Aeroporto de Vitória da Conquista, município de Vitória da Conquista* (77 3424-7130), com vôos regulares da Oceanair (77 3422-5298).
Companhia aérea Passaredo: (77 3421-8137)
* Vitória da Conquista encontra-se a aproximadamente 220 km de Rio de Contas, ao sul da Chapada Diamantina.