Congonhas - Mg

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Basílica ou Santuário Bom Jesus de Matosinhos| Passos| Profetas

Igrejas| Romaria| Parque da Cachoeira

Por volta de 1757, o português Feliciano Mendes fincou uma cruz rústica no alto do morro do Maranhão. Era o início da construção de um templo dedicado a Bom Jesus do Matosinhos, para o qual fizera uma promessa. Feliciano havia se curado de uma enfermidade contraída nos muitos anos de trabalho como minerador. Com um pequeno oratório ele ia recolhendo esmolas para a construção da capela, que não chegou a ver concluída.

Não existem registros sobre a autoria do risco da igreja, mas tudo leva a crer que seja do próprio Feliciano, uma vez que era oficial de pedreiro e conhecia as igrejas do Bom Jesus do Matosinhos, em Portugal. Após a sua morte, em 1765, artistas talentosos somaram seus talentos e construíram com o correr do tempo a mais maravilhosa manifestação da arte e fé barrocas. Dentre eles estavam Aleijadinho, Manoel da Costa Ataíde e Francisco Xavier Carneiro.

Santuário Bom Jesus de Matosinhos

Todo o acervo - que inclui a igreja, os 12 profetas em pedra-sabão e as 66 imagens dos Passos da Paixão de Cristo - foi reconhecido com Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, em 1985. Formam o mais esplêndido conjunto da arte barroca mundial. Visite-o também À noite. A nova iluminação, instalada em março de 2000, emociona e intensifica o significado da arte de Aleijadinho.

Obs: O acervo da Basílica Bom Jesus dos Matosinhos encerra muitos segredos. As histórias e lendas que envolvem as estátuas geram um delicioso fascínio. O próprio Aleijadinho, o mestre maior, era um personagem envolto em mistérios. Um gênio desfigurado pela doença, mulato, filho bastardo de português com uma escrava. O ouro escasseava, num movimento inversamente proporcional À fé daqueles homens mineiros. Minas vivia a frustração pelo fim trágico do movimento da Inconfidência. Estas e outras histórias aumentam ainda mais o interesse despertado pelas imagens de pedra e cedro. Procure os guias que ficam na Basílica e desvende um pouco desse espírito.

da Ceia: a capela foi a primeira construída para abrigar as imagens em cedro do Líbano. Foi a única erguida durante a permanência de Aleijadinho em Congonhas, supõe-se sob sua orientação. A cena é dramática e reflete a perplexidade dos apóstolos diante da revelação de Cristo: "Em verdade vos digo, um de vós há de me entregar." Cada um declara sua inocência.

do Horto: retrata Jesus no Jardim das Oliveiras. Nesta capela está uma obra-prima de Aleijadinho: o anjo. Simbolizando a aproximação da Paixão, ele traz na mão direita um cálice com fel a ser bebido. "Pai, se é do teu agrado, afasta de mim este cálice." Havia uma cruz em sua mão esquerda, que foi retirada em 1957, visando evitar danos À imagem. A cruz era como a previsão do suplício derradeiro. Enquanto Jesus está angustiado, os profetas Pedro, Tiago e João dormem serenamente.

da Prisão: representa um dos episódios mais conhecidos da Bíblia, o milagre da cura de Malco, soldado do pontífice máximo de Jerusalém. O apóstolo Pedro, num ato desesperado para defender Cristo, decepa a orelha de Malco com uma espada. Cristo intervém e calmamente realiza o milagre da cura. Fazem parte da cena as figuras de Cristo, Malco, Pedro, Judas e quatro soldados. Algumas delas têm 2 metros de altura. As expressões das imagens revelam um momento de tensão, misturando cólera e perplexidade. Mestre Ataíde, responsável pela policromia do conjunto, confere ainda mais dramaticidade ao episódio e sua pintura funciona como principal agente de unidade estética.

da Flagelação e Coroação de Espinhos: após a construção das capelas do Horto e da Prisão, as obras das demais permaneceram interrompidas por quase meio século, sendo retomadas em 1864. Todas as estátuas estavam prontas - Aleijadinho faleceu provavelmente em 1814 - e aguardavam a construção do restante das capelas. Ficou decidido que em vez de sete seriam erguidas seis capelas, o que acarretou no congestionamento do quarto Passo, que passou a abrigar dois grupos: Flagelação e Coroação de Espinhos. Quatorze peças se espremem num espaço pequeno, dificultando a compreensão imediata das cenas. Duas imagens de Cristo são atribuídas a Aleijadinho, e também uma terceira, a do segundo soldado (Flagelação), que serviu de modelo para seus discípulos confeccionarem o restante. As três se distinguem pelas expressões caricaturais dos rostos, dos olhos, queixos e rugas na testa. A policromia das peças provavelmente não foi feitas por Mestre Ataíde.

da Subida ao Calvário: retrata um momento do caminho de Cristo para o calvário, o "Encontro com as filhas de Jerusalém", descrito no Evangelho de São Lucas. Cristo fala com duas mulheres que o seguiam chorando. A primeira enxuga as lágrimas e Cristo diz: "filhas de Jerusalém, não chorais por mim, mas chorais por vós mesmas e seus filhos." A segunda mulher segura nos braços um menino.

da Crucificação: formado por onze imagens. Neste grupo podemos notar três unidades cênicas. Na zona central está Cristo, dois carrascos crucificando-o e Madalena, de joelhos, em desespero. Do lado esquerdo dois soldados disputam a túnica de Cristo. À direita estão o bom e o mau ladrão À espera do momento de também serem crucificados.

Em 1800, terminada a confecção das 66 estátuas em cedro dos Passos, Aleijadinho iniciou as obras no adro. Foram cinco anos de trabalho árduo do mestre, já bastante debilitado pela doença, e de seus discípulos. O grupo de 12 profetas em pedra-sabão é o mais famoso conjunto de estátuas barrocas do mundo.

Destacaremos dez:

Profeta Isaías: é o mais importante profeta do Antigo Testamento, que viveu em Jerusalém no século VIII A.C.. Profetizou o nascimento de Cristo.

"Depois que os serafins celebraram o senhor, um deles trouxe aos meus lábios uma brasa com uma tenaz. Isaías, cap. 6"

Profeta Ezequiel: é o "profeta do exílio", pois foi banido para a Babilônia junto com o povo de Israel, no século VI A.C.. Suas previsões são em grande parte constituídas por visões apocalípticas.

"Descrevo os quatro animais do meio das chamas e as rodas horríveis e o trono etéreo. C-1", anuncia Ezequiel

Profeta Daniel: este profeta também foi banido para a Babilônia. Lá, em virtude de seu dom para a interpretação dos sonhos, despertou a admiração de governadores. O prestígio, entretanto, não impediu que mais tarde fosse encarcerado na cova dos leões. A estátua tem uma coroa de louros na cabeça, uma alusão À vitória sobre os animais. A peça é composta de um só bloco de pedra.

"Encerrado (por ordem do rei) na cova dos leões, sou libertado, incólume, com o auxílio de Deus. Daniel, Cap. 6"

Profeta Joel: viveu no século VIII A.C.. Seus textos tem como tema o Juízo Final. Descreve terríveis pragas que devastarão o planeta com o advento do apocalipse.

"Exponho à Judéia que mal hão de trazer à terra, a lagarta, o gafanhoto, o brugo e a alforra (ferrugem). Joel, Cap. 1, V. 4."

Profeta Amós: de acordo com suas próprias palavras, foi o primeiro pastor da região de Belém. Viveu no século VIII A.C. e provavelmente foi também o primeiro profeta de Israel a deixar textos escritos. Utilizou com frequência expressões e figuras ligadas À natureza e À vida pastoral.

"Feito primeiro pastor e em seguida profeta, dirijo-me contra as vacas gordas e os chefes de Israel. Amós, Cap.1".

Profeta Jonas: enquanto Daniel traz a seus pés um leão, Jonas tem consigo um animal marinho. Jonas recusou o chamado de Javé para pregar em Nínive. O castigo veio sob a forma de prisão dentro da barriga de uma baleia. Curiosidades como esta despertaram o interesse de vários artistas em todas as épocas.

"Engolido por uma baleia, permaneço três dias e três noites no ventre do peixe; depois venho a Nínive. Jonas, Cap.2

Profeta Jeremias: autor do segundo dos livros proféticos bíblicos. A imagem apresenta falhas de proporção, com exceção da cabeça, onde pode-se ver a intervenção concreta de Aleijadinho. É ela que resume toda a expressão artística da obra.

"Eu choro o desastre da Judéia e a ruína de Jerusalém: e rogo (ao meu povo) que queira voltar ao senhor. Jeremias, cap. 35".

Profeta Baruc: apesar de não ser considerado um profeta no Antigo Testamento, adquiriu destaque na ordem do Cânon bíblico. Assim como a estátua de Jeremias, apresenta erros de proporção, sendo o rosto nitidamente executado por Aleijadinho. É considerada uma das peças menos harmônicas do conjunto.

"Eu predigo a vinda de Cristo na carne e os últimos tempos do mundo, e previno os piedosos. Baruch, cap. 1"

Profeta Naum: localizado na extremidade direita do adro, é o sétimo dos profetas menores. Há poucos indícios da intervenção direta de Aleijadinho nesta peça, ao qual apenas se atribui os traços primordiais.

"Exponho que castigo espera Nínive pecadora. Declaro que a Assíria será completamente destruída. Naum, Cap. 1."

Profeta Oséias: é o mais importante dos profetas menores. Em sua mão direita está uma pena, cuja ponta sinaliza o ato de escrever.

"Toma a adúltera, disse-me o Senhor: eu o faço: ela tornando-se minha esposa, concebe e dá luz. Oséias, Cap. 1". A esposa adúltera seria uma alusão à Israel, infiel ao Deus único.

Igrejas:

Igreja do Rosário: foi a primeira construída na cidade, antes mesmo que os primeiros mineradores se fixassem na região. Erguida por escravos no final do século XVII, possui arquitetura simples, sem a sofisticação e decoração das igrejas posteriores. Rua do Rosário.

Matriz Nossa Senhora da Conceição: data de 1734 e em sua concepção podem ser percebidas várias fases do barroco. O frontispício, representando a Arca de Noé, é um dos poucos portais de autoria de Aleijadinho. Sua nave é uma das maiores de Minas Gerais, com os altares ricamente adornados por imagens. A douração da capela-mor, realizada em 1764, é atribuída a Manoel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho. Praça Sete de Setembro

Capela de Nossa Senhora da Soledade: é da primeira metade do século XVIII. Está localizada no distrito de Lobo Leite (estrada para Ouro Branco, a 10 Km) e possui um interessante conjunto de imagens barrocas. A igreja de Nossa Senhora da Soledade, bem como a de Nossa Senhora da Ajuda, foram erguidas junto À antigas lavras de ouro, que se espalhavam por toda a região.

Igreja de Nossa Senhora da Ajuda: construção de 1746. Tem quatro altares que guardam imagens de Nossa Senhora Aparecida, São Benedito, Santo Antônio, Santa Efigênia, São Pedro e muitas outras. Na sacristia está um belo chafariz em pedra-sabão. Está localizada no distrito de Alto Maranhão, a 14 km (o acesso mais fácil é pelo asfalto, passando pelo trevo do Murtinho).

Igreja de São José: diferencia-se das demais, por suas formas arredondadas, e foi construída em 1817. é rica em esculturas, tem portais trabalhados e entalhes neoclássicos. Está localizada no centro da cidade, no caminho para a Basílica.

Romaria:

Romaria

A Basílica de Bom Jesus do Matosinhos nasceu de uma fé especial. Feliciano Mendes deu início À construção, agraciado que foi pela cura. Ele trouxe uma imagem de Portugal e a colocou num oratório, recolhendo assim as esmolas. A fama foi se espalhando, junto com as notícias de curas alcançadas.

No final do século XVIII nascia o Jubileu, inicialmente comemorado em maio e setembro. As chuvas de maio, que tornavam as estradas intransitáveis, restringiu a festa a setembro. Em época de Jubileu a cidade lota, pessoas de várias partes do país chegam para demonstrar a sua fé.

A peregrinação era tamanha que Congonhas já não conseguia comportar os inúmeros romeiros. Devido a isto foi construída, na década de 30, a Romaria. Constitui-se de um prédio em forma circular, uma pousada ao redor de um enorme pátio. Demolida em 1968, a Romaria foi reconstruída em 1995 e hoje abriga a Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo (Fumcult), além de um centro histórico e cultural.

Parque da Cachoeira: localizado a 5,3 quilômetros do centro. Possui completa infra-estrutura de lazer, incluindo várias piscinas de água natural, quadras (futebol, peteca, vôlei), campo gramado, área de camping, churrasqueiras, restaurante, lanchonete e sorveteria. O rio Santo Antônio forma várias quedas, sendo que a principal tem aproximadamente 20 metros. Estacionamento gratuito (exceto campistas e ônibus). Para o visitante que deseja tranquilidade, não aconselhamos visitar o parque no domingo.

Av. Tenente Horácio Cordeiro s/n - Campinho

Tel: (0xx31) 3731-1911

Horário: de terça a sábado, das 7 às 18h.

Preços diários por pessoa: terça a sexta (R$1,00) - sábado (R$2,00) - camping (R$5,00)

Estacionamento: R$2,00 por dia por veículo

Obs: crianças com até 5 anos e adultos com mais de 65 anos não pagam. Preços sujeitos a mudanças inesperadas.