Do Mínimo ao Máximo: A Evolução do Turismo Sustentável para o Turismo Regenerativo

17/09/2025

A consciência ambiental e social do viajante moderno está crescendo, e com ela, a expectativa de que o turismo vá além de apenas "não causar danos". O ecoturismo, há muito tempo o padrão para viagens responsáveis, agora ganha um sucessor ainda mais ambicioso: o turismo regenerativo. Enquanto o primeiro busca minimizar impactos, o segundo propõe um modelo que deixa os destinos mais fortes, mais saudáveis e mais ricos culturalmente do que quando o viajante chegou.

O ecoturismo surgiu na década de 1980 como uma resposta ao turismo de massa, que muitas vezes desrespeitava o meio ambiente e as culturas locais. Seu conceito central é o de "mínimo impacto": viajar para áreas naturais de forma responsável, conservando o ambiente e promovendo o bem-estar das populações locais. A ideia era criar um modelo de turismo que se sustentasse a longo prazo, sem esgotar os recursos naturais ou comprometer o destino para futuras gerações.

No entanto, o turismo regenerativo vai um passo além. Ele reconhece que a neutralidade já não é suficiente. Inspirado na agricultura regenerativa, que não apenas evita a degradação do solo, mas o restaura e enriquece, o turismo regenerativo busca "deixar o lugar melhor". O objetivo não é apenas conservar, mas ativamente contribuir para a saúde do ecossistema, o fortalecimento da comunidade e a preservação das tradições.

A distinção entre os dois conceitos pode ser sutil, mas é fundamental na forma como as experiências são planejadas e executadas.

Ecoturismo em Ação:

Uma operadora de ecoturismo no Pantanal oferece passeios para observação de onças, com guias que educam os turistas sobre a vida selvagem. A empresa utiliza veículos de baixo consumo de combustível, hospeda os clientes em pousadas que reciclam e usa a receita para ajudar na pesquisa científica local.

Turismo Regenerativo em Ação:

Uma pousada na Amazônia não apenas oferece trilhas e passeios de barco. Ela envolve os hóspedes em projetos de reflorestamento, ensina técnicas de plantio de árvores nativas, e todo o alimento servido é cultivado na própria propriedade, com a participação de comunidades locais. Além disso, a pousada investe uma porcentagem dos lucros na construção de escolas ou clínicas de saúde, ou em programas de capacitação para a comunidade. O viajante não é apenas um observador, mas um

participante ativo

na melhoria do destino.

Benefícios para o Viajante e para o Destino

Essa mudança de mentalidade beneficia tanto o viajante quanto as comunidades locais e o meio ambiente.

Para o Viajante:

Conexão Genuína: Participar de projetos de restauração ou de atividades com a comunidade cria uma conexão muito mais profunda e significativa com o destino.
Senso de Propósito: Saber que sua viagem contribuiu para algo maior do que apenas uma memória pessoal agrega um valor imenso à experiência.
Aprendizado e Engajamento:

O viajante aprende sobre práticas sustentáveis e pode levar esse conhecimento para a sua vida diária.

Para o Destino e a Indústria:

Restauração Ambiental:O turismo se torna uma força positiva para o meio ambiente, ajudando a restaurar ecossistemas degradados e a proteger a biodiversidade.
Fortalecimento das Comunidades Locais:O modelo regenerativo garante que a renda do turismo seja distribuída de forma mais justa, empoderando as populações locais e valorizando seus conhecimentos ancestrais.
Resiliência do Destino:

Ao investir na saúde de seus recursos naturais e sociais, o destino se torna mais resistente a crises e mais atraente a longo prazo.

O turismo regenerativo é o próximo passo inevitável em uma jornada de consumo mais consciente. Ele convida o viajante a ser um agente de mudança, transformando a simples visita a um lugar em uma oportunidade para deixar uma marca positiva e duradoura. Para os profissionais do turismo, o desafio é abandonar o velho modelo de "ser menos ruim" e abraçar a ambição de "ser ativamente bom".

Por: Verônica Nicoletti